terça-feira, 12 de janeiro de 2010

AGENDA 2010

Palestras- Quartas-feiras às 19:30h

27/01/10- Vídeo Nascendo no Brasil. O vídeo mostra como é nascer no Brasil nos dias de hoje, um panorama tanto da rede pública quanto privada. Em seguida debate sobre o filme.

10/02/10- Parto Normal X Cesárea. Quem escolhe, a mãe ou o bebê? Prós e contras de cada um deles.

24/02/10- Respiração. Como, quando e porquê? A importância de respirar para a mãe e o bebê. Como o bebê começa a respirar? Prática de exercícios respiratórios para a gestação e parto.

10/03/10- Trabalho de parto. O que pode ajudar nessa hora. Respiração, exercícios, vocalização e calma. Faremos prática em duplas simulando o dia do parto.

24/03/10- Maternidade e paternidade nos dias de hoje. Como aprendemos a ser pai e mãe. O que fazer na prática. O que o bebê assimila da gestação, parto e primeiros meses.

Oficinas- Quintas-feiras de 19:00 às 22:00h

04/03/10- Parto sem Dor. Uma abordagem sobre a dor, seus efeitos no corpo e sua importância. Meios naturais para a analgesia. Exercícios de auto-conhecimento, auto-percepção, percepção do complexo corpo-mente.

18/03/10- Amamentação. Vínculo e a importância da primeira hora. Cuidados com o bebê.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vínculo




Para obstetra francês Michel Odent, parto humanizado aumenta vínculo entre mãe e bebê



AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo


O parto "moderno", realizado por cesáreas ou com a ajuda de hormônios sintéticos que aumentam as contrações, leva a uma diminuição do vínculo entre mãe e filho. No parto natural, o organismo das fêmeas libera uma série de hormônios, entre eles a ocitocina, responsável pelas contrações e pelo forte apego que imediatamente sentem pelo filhote.

O obstetra francês Michel Odent, que defende o parto humanizado, chama a ocitocina de "hormônio do amor". Em um dos seus livros, ele relata que ratas virgens, que receberam sangue de ratas recém paridas, se apegaram imediatamente a filhotes colocados ao seu lado.

Autor de dez livros, entre eles "A Cientificação do Amor" e "O Renascimento do Parto", Michel Odent esteve no Brasil para lançar seu último trabalho, "O Camponês e a Parteira - Uma Alternativa à Industrialização da Agricultura e do Parto" (Editora Ground, 192 páginas, R$ 26).

Odent prega uma atitude "biodinâmica", que proteja e dê segurança à mulher, "radicalmente diferente da atitude médica dominante" na maioria dos países.

Pioneiro

Pioneiro na adoção de práticas do nascimento humanizado, como casas e banheiras de parto, ele veio ao Brasil a convite da Rehuna, Rede pela Humanização do Parto e Nascimento, que congrega mais de cem instituições, entre organizações não-governamentais, pesquisadores de universidades, órgãos de governos e grupos de mulheres de todo o país.

No ano passado, a Rehuna lançou uma campanha pelo direito de a mulher brasileira escolher o acompanhante na hora do parto. Esse direito é previsto em lei no Estado de São Paulo, mas não é cumprido ainda por muitos hospitais, públicos e privados. Parte dessa bandeira é a inclusão nas maternidades das doulas, voluntárias treinadas que acompanham as mulheres quando entram no hospital.

Um dos argumentos da rede a favor do parto humanizado é que ele favorece a redução do número de cesáreas, prática na qual o Brasil é um dos campeões. Da mesma forma, a Rehuna defende o parto humanizado como contraponto a uma série de procedimentos médicos desnecessários.

Um desses procedimentos é a episiotomia, pequeno corte nas laterais da vagina feito na hora do nascimento do bebê. A rede que trouxe Michel Odent ao Brasil vai lançar no final de maio uma campanha nacional contra as episiotomias desnecessárias.

Abaixo, trechos da entrevista com o obstetra francês:

Folha - É possível dizer que hoje mãe e filho são mais respeitados no nascimento do que foram antes?

Michel Odent - Há uma vontade crescente de ser mais respeitoso com as mães e seus bebês, mas a prioridade hoje é redescobrir as necessidades das mulheres em trabalho de parto e de seus bebês. (...) Atualmente, a prioridade é satisfazer as necessidades mamíferas básicas, isto é, satisfazer a necessidade da mulher de se sentir segura e a sua necessidade de ter privacidade.

Folha - Quais as forças contrárias ao parto humanizado?

Odent - São, de maneira geral, a falta de interesse em relação aos efeitos, a longo prazo, da maneira pela qual nascemos e uma dificuldade de pensar em termos de civilização. A questão central é o desenvolvimento do que chamo de uma atitude biodinâmica em relação ao parto, que é radicalmente diferente da atitude médica dominante. Hoje, quando o trabalho de parto é longo e difícil, a reação comum é substituir os hormônios naturais que a mulher não está liberando por equivalentes farmacológicos. Outra atitude médica é recorrer de imediato à cesariana.

Folha - E como pode-se explicar uma atitude biodinâmica?

Odent - Uma atitude biodinâmica implicaria, como primeira opção, tentar modificar o ambiente para que a mulher pudesse fazer uso, com maior facilidade, de seu potencial fisiológico. Por exemplo, se o parto está difícil e doloroso, o convencional é recorrer a uma anestesia peridural, enquanto uma atitude biodinâmica seria recorrer, em primeiro lugar, a uma banheira de parto.

Exagero no índice de Cesáreas!


OMS recomenda só 15% de cesáreas; aqui chega a 88%
Profissionais dizem que exagero se deve à conveniência dos médicos e pacientes.
"Desinformação é o que leva a maioria das mulheres a não considerar o parto natural como a primeira opção", diz enfermeira
.

O número de crianças que nascem de modo natural tem caído ano a ano no país. Profissionais da área da saúde e mães apontam que a principal causa do aumento das cesáreas é a conveniência -para médicos e pacientes- e o medo da mulher de sentir dor.
De acordo com o Ministério da Saúde, 40% dos partos cesarianos no país são desnecessários. O índice recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 15%. Na maternidade Sinhá Junqueira de Ribeirão Preto, esse índice chega a 88%. Neste ano, em média, o hospital realizou 300 partos -somente 12% deles foram normais.
Para o coordenador de obstetrícia do HC (Hospital das Clínicas), Geraldo Duarte, o alto índice de cesáreas é pura comodidade. "É culpa do médico e da população. É mais tranquilo para o médico em termos de tempo e para a mulher, que não vai ter que fazer tanto esforço. A cesárea é feita com hora marcada e termina em até uma hora. O parto natural leva, em média, de oito a nove horas de trabalho intenso", afirmou.
Para a enfermeira obstetra Jamile Claro de Castro Bussadori, que faz parto normal em domicílio e em hospital, a desinformação é o que leva a maior parte das mulheres a não considerar o modo natural como a primeira opção.
"As mulheres têm medo, principalmente devido àquele estigma de que o parto é um sofrimento e aos relatos de avós e mães que tiveram muitas dores para dar a luz", disse.
Para a ginecologista Betina Bittar, que realiza partos domiciliares e hospitalares, há várias explicações para o elevado número de cesáreas.
"Mulheres foram muito maltratadas e desassistidas e passaram a outras gerações essa experiência ruim. Somado a isso temos uma classe médica mal remunerada que não incentiva esse tipo de parto porque absorve mais tempo e disponibilidade do profissional. Em vez de fazer vários procedimentos, o médico pode passar um dia todo com a parturiente. Tem também a questão da mulher não se sentir capaz. É um conjunto", afirmou.
Ricardo Carvalho, ginecologista da HC e docente da USP (Universidade de São Paulo), afirma que é preciso um equilíbrio. "Até que se prove o contrário, a indicação deveria ser normal. A cesárea deveria ter uma justificativa médica, como o feto estar em sofrimento ou sentado, entre outros problemas", afirmou.
No entanto, a escolha pelo parto normal tem entraves. "Uma questão cultural que dificulta é que a mãe quer que o médico que fez o pré-natal realize o parto. Como no modo natural não tem horário e nem dia para nascer, pode ser outro profissional de plantão. Muitas vezes, isso leva a mãe a agendar a cesárea para ter o mesmo médico", disse.
Entre as vantagens do parto normal apontadas pelos médicos ouvidos pela reportagem está a recuperação mais rápida da mãe e a menor incidência de problemas como depressão pós-parto e desmame precoce.

Ocitocina- Hormônio do amor

Hormônio responsável pelas contrações uterinas durante o trabalho de parto, hoje é reconhecido pelos cientistas, eles dizem:- oxitocina está na base da gentileza humana
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4123121-EI238,00.html

Com um festival de gratidão obrigatória à vista, permita-me oferecer algumas sugestões de coisas pelas quais você deveria exatamente agradecer. Seja grato por, em pelo menos uma ocasião, sua mãe não ter afugentado seu pai com um par de nunchakus e, ao invés disso, ter permitido contato suficiente para possibilitar sua feliz concepção. Seja grato por, ao comprar aquela criatura pálida semelhante a uma ave no mercado, o atendente aceitar seu cartão de crédito em boa fé e até mesmo devolvê-lo pronunciando seu sobrenome de forma quase compreensível. Seja grato pelo funcionário amigável do balcão da United Airlines no dia anterior ao Dia de Ação de Graças, que entende por que você precisa sair da cidade hoje, neste exato minuto, sob risco de alguém puxar o nunchaku da família.
Acima de tudo, seja grato pela oxitocina em seu cérebro, o pequeno e celebrado hormônio peptídeo que, ao que parece, ajuda a lubrificar toda a nossa interação pró-social, os milhares de atos de gentileza, ou quase gentileza, ou daquela gentileza nem tão sincera assim, que tornam possível uma sociedade humana. Cientistas sabem há muito tempo que o hormônio desempenha papéis fisiológicos essenciais durante o nascimento e a lactação, e estudos com animais demonstraram que a oxitocina também pode influenciar o comportamento, estimulando arganazes a se aproximarem de seus parceiros, por exemplo, ou a limpar e confortar seus filhotes. Agora, uma série de novas pesquisas em humanos sugere que a oxitocina está por trás dos pilares emocionais gêmeos da vida civilizada, nossa capacidade de sentir empatia e confiança.
De acordo com um artigo deste mês no periódico The Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores descobriram que diferenças genéticas na resposta das pessoas aos efeitos da oxitocina estão ligadas à sua capacidade de ler expressões faciais, inferir as emoções de terceiros, se afligir com a adversidade alheia e até se identificar com personagens de romances ou de uma tira em quadrinhos. "Comecei essa pesquisa como uma grande cética", disse Sarina M. Rodrigues, da Universidade Estadual de Oregon, coautora do novo artigo, "mas os resultados me lançaram por terra".
A oxitocina também pode ser um instrumento capitalista. Em uma série de artigos em revistas científicas como Nature, Neuron e outras, Ernst Fehr, diretor do Instituto de Pesquisas Empíricas em Economia da Universidade de Zurique, e seus colegas mostraram que o hormônio tem efeito notável na disposição das pessoas em confiar dinheiro a estranhos. No estudo na Nature, 58 estudantes saudáveis do sexo masculino receberam uma borrifada nasal de oxitocina ou de solução placebo e, 50 minutos depois, foram orientados a jogar um com o outro, usando unidades monetárias que poderiam investir ou poupar.
Os pesquisadores descobriram que os indivíduos induzidos pela oxitocina tinham muito mais chances de confiar em seus parceiros financeiros do que os jogadores placebo: enquanto 45% do grupo oxitocina concordou em investir a quantidade máxima de dinheiro possível, apenas 21% do grupo de controle se provou igualmente condescendente. Além disso, os pesquisadores mostraram que a descarga de oxitocina não simplesmente tornava os indivíduos mais dispostos a assumir riscos e distribuir seu dinheiro por aí. Quando os participantes sabiam que jogavam contra um computador ao invés de um ser humano, não havia diferença na estratégia de investimento entre os grupos. A confiança, ao que parece, funciona apenas em assuntos estritamente humanos.
Entretanto, o hormônio não transforma você em um otário. Na edição de 1º de novembro da Biological Psychiatry, Simone Shamay-Tsoory, da Universidade de Haifa, e seus colegas relataram que quando participantes de um jogo de azar eram postos diante de um jogador que consideravam arrogante, uma borrifada nasal de oxitocina aumentava seus sentimentos de inveja quando o esnobe ganhava e de exultação perversa quando o oponente perdia.
Como regra geral, porém, a oxitocina é um agregador, não um dispersor. Moléculas semelhantes são encontradas em peixes, talvez para facilitar o delicado negócio da fertilização, inibindo a tendência natural de um peixe fugir de outro. Quanto mais elaboradas as demandas sociais, mais papéis a oxitocina assume, alcançando seu ápice em mamíferos. Se você vai dar à luz uma ninhada de jovens necessitados, por que não deixar o mesmo sinal que ajudou a trazê-los ao mundo dar dicas sobre como cuidar e alimentar esses birrentos? E se você for humano, inclinado a transformar tudo em um grande assunto de família, aqui está novamente a oxitocina para incentivar e orientar.
C. Sue Carter, da Universidade de Illinois de Chicago, pioneira no estudo da oxitocina, suspeita que a associação entre o hormônio e o nascimento impediu por muito tempo cientistas de levarem a substância a sério. "Mas agora que ela foi levada ao mundo da economia e das finanças", disse Carter, "de repente virou um assunto quente".
A oxitocina age como um hormônio, viajando pela corrente sanguínea para afetar órgãos distantes de sua origem no cérebro e, como um tipo de neurotransmissor, permitindo que as células cerebrais se comuniquem. Diferente da maioria dos neurotransmissores, a oxitocina parece entregar seu sinal através de apenas um receptor, uma proteína projetada para reconhecer seu formato e estremecer quando presa; dopamina e serotonina, de forma diferente, têm cada uma cinco ou mais receptores dedicados a elas. No entanto, os contornos precisos do esforçado receptor da oxitocina diferem de indivíduo para indivíduo, com efeitos perceptíveis.
Em seu estudo, Rodrigues e os colegas Laura R. Saslow e Dacher Keltner, da Universidade da Califórnia em Berkeley, analisaram como duas variantes do código genético do receptor podem influenciar a capacidade de uma pessoa de sentir empatia, medida por um questionário padronizado ("Eu realmente me envolvo com os sentimentos de personagens de um romance") e por uma tarefa comportamental chamada "Lendo a Mente com os Olhos".
Nela, participantes observam 36 fotografias em preto e branco de olhos de pessoas e devem escolher a palavra que melhor descreva o humor de cada sujeito. Incômodo, rebeldia, contemplação, alegria? Em uma mensuração relacionada aos supostos efeitos relaxantes da oxitocina, também é testada a intensidade com que os indivíduos reagem ao estresse de escutar uma série de ruídos altos.
Em sua amostragem com 192 universitários de ambos os sexos, os pesquisadores descobriram que aqueles com a chamada versão A do receptor da oxitocina, que estudos anteriores associaram ao autismo e habilidades paternas ou maternas fracas, pontuaram bem menos na tarefa de leitura de olhar e mais no teste de propensão a estresse do que os indivíduos com a variedade G do receptor.
"Nós somos todos diferentes, e isso é uma boa coisa", disse Rodrigues. "Se todos fossem grudentos e amorosos, seria um mundo insuportável". Ela própria depois comicamente se assumiu como um Tipo A.

Tradução: Amy Traduções- The new York Times